11 de abril de 2019
Na terça (9), tomou posse o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Sua dedicação e perfil, nos últimos vinte anos, são de um executivo dos bancos e do mercado financeiro. Mas, em seu discurso de posse, ressaltou sua atuação como professor universitário – é docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) –, e prometeu “entregar mais com o mesmo que a gente já gasta”.
O novo titular da pasta acumula diversos pontos em comum com seu antecessor: assim como Vélez, tem pouca ou nenhuma experiência em gestão pública ou Educação, simpatiza com as ideias de Olavo de Carvalho e já expressou vontade de combater o “marxismo cultural” – uma concepção de que há o avanço de ideais de esquerda sendo disseminados e precisando ser barrados. Bolsonaro deu carta branca ao novo ministro. Saiba mais aqui.
Equipe de economistas no Ministério da Educação
Na quarta-feira (10), foram anunciados os nomes do novo Secretário Executivo e de quatro Secretários do MEC. Dos cinco nomeados, quatro são economistas de formação e três estudaram na Fundação Getúlio Vargas.
Para a Secretaria Executiva, no lugar do tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira, foi escolhido Antonio Paulo Vogel de Medeiros. Segundo os dados apurados pelo Correio do Povo, tem pós-graduação em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Já ocupou funções de chefia e alta direção na Secretaria do Tesouro Nacional, nos estados do Rio de Janeiro e de Goiás, no município de São Paulo e no governo do Distrito Federal. Foi secretário adjunto de Finanças de Fernando Haddad (PT) na prefeitura de São Paulo. Mais recentemente, foi assessor e diretor do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB Brasil RE), assessor especial no Ministério da Fazenda e no Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Nesse último, também foi secretário de Gestão. Foi consultor do Banco Mundial em finanças públicas e atuou em diversos colegiados, conselhos fiscais e de administração.
O titular da Secretaria do Ensino Superior (SESU) será Arnaldo Barbosa de Lima Junior. É graduado em Economia Internacional e Comércio Exterior pela University of Central Oklahoma, nos Estados Unidos, e cursa MBA Executivo em Economia e Gestão na Fundação Getúlio Vargas. Atualmente, é diretor de Seguridade na Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe) e membro do Conselho Nacional de Previdência Complementar. Foi conselheiro Fiscal e de Administração das seguintes empresas: Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame); Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo (PPSA); BB Tecnologia e Serviços (BBTS); BB Banco de Investimento (BB BI); Banco do Nordeste (BNB); BB Gestão de Recursos, Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários (BB DTVM); e Caixa Econômica Federal (CEF), dentre outras.
Para a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), foi escolhido Silvio José Cecchi, com trajetória de atuação no ensino superior privado. Ao longo de sua vida profissional, acumulou cargos nas funções de coordenador do curso de biomedicina do Centro Universitário Barão de Mauá; diretor-geral da Faculdade COC; diretor de pós-graduação da Anhanguera Educacional; diretor de Logística das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU-SP) e ex-presidente da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM).
Como secretário-executivo adjunto, assume Rodrigo Cota. O novo titular da Secretaria de Educação Básica (Seb) será Janio Carlos Endo Macedo. A Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica (Setec) será comandada por Ariosto Antunes Culau.
É surpreendente ver figuras com currículo e carreira para atuar no ministério da Economia ou do Planejamento assumirem postos-chave da pasta da Educação – área em que não possuem experiência. E ver um estudante de MBA em Economia e Gestão ser alçado a titular da Secretaria do Ensino Superior (SESU)! São motivos para perplexidade e receio sobre o que vem pela frente.
Para ANDES-SN, projeto atual para educação não contempla trabalhadores
Em entrevista ao programa Editoria da Rádio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na última semana, o presidente do ANDES-SN, professor Antonio Gonçalves, foi categórico: “Projeto atual para a educação não atende os interesses dos trabalhadores”. O docente abordava temas como os cortes no orçamento – em especial na área da Educação – e os impactos dessas e de outras medidas do governo para a população.
Gonçalves afirma que os recentes cortes em Educação e Ciência e Tecnologia devem inviabilizar a produção de conhecimento no país. “O corte no orçamento de C&T significa dizer que muitas pesquisas que estão em curso serão paralisadas, e muitas pesquisas que contribuem para a melhoria das condições de vida de nosso povo serão interrompidas.” Ele acredita que estes ataques sejam parte de um projeto de desmonte dos serviços públicos, com foco nos servidores e buscando uma reconfiguração do Estado nacional para remunerar o capital financeiro. Confira aqui a íntegra da entrevista.