21 de fevereiro de 2019
O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega, revogou a polêmica portaria que instituía uma “assessoria militar” dentro da Reitoria. A decisão foi tomada na segunda-feira (18), três dias após reunião com a diretoria da Aduff-SSind, que criticou a medida e lamentou a ausência de diálogo com a comunidade acadêmica.
A portaria 63.083, de 11 de fevereiro de 2019, criava uma assessoria ao gabinete do reitor para fins de articulação e cooperação com o Ministério da Defesa e as Forças Armadas, o que gerou reações entre docentes, técnicos e estudantes.
A Seção Sindical do ANDES-SN na UFF criticou a presença militar na estrutura da Reitoria. Os docentes afirmaram compreender a intenção de conversar com o governo e dialogar em torno das necessidades da universidade, mas sustentaram que instituir uma assessoria militar voltada para busca de recursos e parcerias não era um caminho usual, tampouco tranquilizador.
Após voltar atrás na determinação, o reitor disse à Aduff, por telefone, que decidira ouvir a comunidade acadêmica.
Em defesa da democracia
Na reunião do dia 15, a diretoria da Aduff assinalou que, guardadas as devidas diferenças, não há como esquecer que a forma de controle da ditadura empresarial-militar que governou o país entre 1964 e 1985 se dava justamente por meio de assessoria direta à reitoria. “Avaliamos que a presença militar na estrutura da Reitoria não pode ser naturalizada, sobretudo neste momento da conjuntura”, diz nota emitida pela Seção.
“O destaque institucional conferido a um órgão com essa composição sublinha os sérios riscos à autonomia universitária e às liberdades científica e político-pedagógica representados pelo atual crescimento expressivo da presença de setores das Forças Armadas na estrutura do Estado e, em especial, nos diversos órgãos e instituições públicos de educação”, acrescenta o texto.
Para Marina Tedesco, presidente da Seção Sindical na instituição, a revogação é uma vitória da democracia na universidade. “Houve uma preocupação muito grande de estudantes, técnicos e docentes. Que bom que o reitor ouviu a comunidade e percebeu que a portaria estava trazendo consequências e interpretações que não eram as inicialmente previstas pela administração central da UFF”, disse a professora do curso de Cinema. “A Democracia e a UFF, como um todo, saem ganhando com a revogação dessa portaria”, concluiu Marina.
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