21 de fevereiro de 2019
Diante dos constantes ataques à classe trabalhadora – sendo o mais recente o projeto de Reforma da Previdência apresentado pelo governo nesta quarta (20) –, entidades da sociedade civil começam a se organizar para combater tais ações. O primeiro passo aconteceu na noite de terça (19), quando mais de 50 delas, inclusive o ANDES-SN – atendendo à decisão congressual –, estiveram reunidas no lançamento do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por direitos e liberdades democráticas. O evento ocorreu na sede da Apeoesp, em São Paulo (SP).
Os participantes ressaltaram em suas falas a importância da unidade na luta em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, e a necessidade de espaços como o Fórum para reunir estas forças. “A partir do momento em que dialogamos com outras categorias de servidores públicos, com movimentos sociais e movimentos da juventude, que também são afetados por essas políticas, nós temos mais chances e mais força para barrar esses ataques”, afirmou Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN.
Entre as pautas eleitas como prioritárias, foram elencadas a defesa das liberdades democráticas e dos direitos, em particular o direito ao trabalho, à previdência e à aposentadoria; à escola e à saúde públicas, gratuitas e de qualidade; a defesa da vida contra as opressões de gênero, raça/etnia, e a LGBTfobia; o combate ao feminicídio e ao genocídio da juventude negra na periferia. “Embora reconheçamos a crise por que passa este governo, precisamos compreender a capacidade de acordo das burguesias local e internacional para aprofundar a retirada de direitos, dando seguimento à lógica destrutiva do capital – com o foco na contrarreforma da previdência”, comenta Laura Souza Fonseca, professora da Faculdade de Educação da UFRGS e integrante da base do ANDES/UFRGS, que acompanhou o evento. Ao final, também foi apresentado o Manifesto do Fórum, que já tem a adesão de dezenas de entidades.
Dia Nacional de Luta pela Previdência
A quarta-feira (20), data escolhida pelo governo para levar ao Congresso sua Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Reforma da Previdência, foi marcada também pelo Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência Pública e contra o Fim da Aposentadoria. Em São Paulo, cerca de 10 mil trabalhadores e trabalhadoras de todas as partes do país estiveram reunidos na Praça da Sé, em ato organizado pelas centrais sindicais, com apoio de diversos sindicatos e movimentos sociais, convocado como Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora.
Nos discursos, ficou marcado o repúdio à proposta de Bolsonaro e a unidade de forças contra os ataques aos direitos sociais. “Estamos buscando com força uma unidade de luta contra o desmonte da legislação social. Conseguimos tanto no ato quanto no lançamento do Fórum”, ressalta a professora Sueli Goulart, diretora do ANDES/UFRGS presente em ambos os eventos.
O presidente do Sindicato Nacional, Antonio Gonçalves, destacou que o ato em São Paulo não é uma manifestação isolada e marca o início de uma grande luta em defesa dos direitos de aposentadoria. “Hoje, vários estados também estão replicando, estão realizando atos semelhantes e ao final do dia que teremos um balanço também em outras cidades de outros estados Brasil afora. Nós sairemos vitoriosos e vitoriosas derrotando essa contrarreforma da Previdência.”
Panfletagem no entorno da UFRGS
Em Porto Alegre, professores da base e a diretoria da Seção Sindical fizeram uma panfletagem pela manhã nos arredores do Campus Central da UFRGS. Com o título “Querem acabar com a sua aposentadoria”, o material chamou a atenção de motoristas e transeuntes. “Quando viam a chamada, muitos carros abriam a janela e pediam o panfleto. Motoristas e cobradores de ônibus esticaram braços para alcançar o material, e os passantes pararam para tirar dúvidas e expressar preocupação”, conta Guilherme Dornelas Camara, primeiro tesoureiro do ANDES/UFRGS, que participou da ação.
O professor avalia que foi importante realizar a ação no dia em que a PEC foi entregue ao Congresso, pois a informação começou a circular no momento certo. “Acertamos também em realizar a atividade nas ruas, nos aproximando mais da população, podendo gerar uma mobilização maior e mais forte contra essa ofensiva aos direitos dos trabalhadores.”