18 de fevereiro de 2019
A diretoria da Aduff-SSind emitiu nota manifestando estranhamento e pedindo a revogação da Portaria 63.083, de 11 de fevereiro, que criou uma assessoria formada por militares, ligada ao Gabinete do Reitor, para fins de promover articulação e cooperação da Universidade Federal Fluminense com o Ministério da Defesa e as Forças Armadas.
Recebidos na sexta-feira (15) pelo reitor Antonio Claudio da Nóbrega, os dirigentes da Seção Sindical do ANDES-SN na UFF alegaram que a comunidade universitária foi surpreendida com a medida, e que isso repercutiu de forma negativa não apenas na instituição, como em outras universidades e mesmo nacionalmente.
Conforme matéria postada no site da entidade, o Reitor se mostrou surpreso com a repercussão e tentou passar a ideia de que a portaria estaria sendo superdimensionada. Ele teria justificado que o objetivo da criação da assessoria seria apenas institucionalizar ações de parcerias com setores das Forças Armadas que já ocorreriam há anos, dar transparência a esse processo e buscar fontes de financiamento e captação de recursos.
Diante dos argumentos apresentados pelo Reitor, a Diretoria da Aduff-SSind enfatizou defender a revogação da Portaria, por duas razões interligadas: “em primeiro lugar, a promoção da cooperação técnico-científica na Universidade Federal Fluminense não se dá historicamente por meio da criação de assessorias ligadas ao Gabinete do Reitor. Para esse fim, existem comissões temporárias e convênios. Em segundo lugar, o destaque institucional conferido a um órgão com essa composição sublinha os sérios riscos à autonomia universitária e às liberdades científica e político-pedagógica representados pelo atual crescimento expressivo da presença de setores das Forças Armadas na estrutura do Estado e, em especial, nos diversos órgãos e instituições públicos de educação”, explica a nota.
Defesa da revogação
A presidente da Aduff, Marina Tedesco, e os docentes Douglas Guimarães Leite e Adriana Penna, também dirigentes da entidade, ressaltam o significado político e simbólico de uma medida como essa diante da atual conjuntura política, na qual um presidente da República foi eleito com base em discursos de ódio e ameaças contra a diversidade, a educação e as universidades públicas e, em seguida, montou um governo com forte presença militar. “Não estamos dizendo que a Reitoria não deva buscar se relacionar com o governo que foi eleito, mas achamos que a forma usada não deveria ser a escolhida”, enfatiza a presidente da Aduff.
Ao longo da audiência, da qual participou também o vice-reitor, Fabio Barboza Passos, a diretoria da Aduff expôs contrariedade pela ação ter sido colocada em prática sem qualquer debate com a comunidade acadêmica, e a defesa de que ela seja revista. Assinalou ainda que, guardadas as devidas diferenças, não há como esquecer que a forma de controle da ditadura empresarial-militar que governou o país entre 1964 e 1985 se dava justamente por meio de assessoria direta à reitoria.
“Avaliamos que a presença militar na estrutura da Reitoria não pode ser naturalizada, sobretudo neste momento da conjuntura. Por isso, convocamos toda a comunidade acadêmica para, juntos, lutarmos pela revogação desta Portaria”, finaliza o texto oficial da Seção.