07 de fevereiro de 2019
No último dia do 38º Congresso do ANDES-SN, que aconteceu entre 28 de janeiro e 2 de fevereiro em Belém, foi aprovada por ampla maioria dos delegados a paridade de gênero para a diretoria do Sindicato Nacional. Com essa decisão histórica, o ANDES-SN institui um mecanismo que fortalece a participação de mulheres nos espaços de decisão e de direção.
Primeiro, foi aprovada a paridade de gênero na composição da diretoria do Sindicato Nacional. Em seguida, também em votação, foi definido que, no mínimo, seis mulheres deverão ocupar os 11 cargos do bloco nacional da presidência, secretaria e tesouraria. Entre as 72 pessoas das direções regionais, deverá haver pelo menos 36 mulheres. Também foi estipulado um mínimo de 50% de mulheres em todas e em cada uma das vice-presidências regionais (1ª e 2ª vice-presidências regionais).
Luta por direitos
Durante o debate, foi lembrado que mesmo com a grande presença feminina na categoria docente, as mulheres são subrepresentadas na composição da direção da entidade. Também foi ressaltado que a paridade ganha ainda mais importância em meio às medidas e declarações do governo federal, que ataca os direitos das mulheres.
“A mulher, quando faz política, é sempre desqualificada. O que elas querem com a paridade é isonomia. Não é uma política de cotas porque as realidades regionais são distintas e estamos pensando em uma política de representação”, analisou Qelli Rocha, 1ª vice-presidente do ANDES-SN.
A discussão foi marcada por momentos de grande emoção. Docentes de diferentes idades, seções sindicais e tempo de militância defenderam a aprovação da resolução. Citaram as dificuldades na militância por conta do gênero e ressaltaram a importância da decisão da política de paridade de gênero.
Lembraram a presença das mulheres em lutas históricas da classe trabalhadora de todo o mundo. Cantaram a canção Maria, Maria como um hino à resistência e à luta das mulheres. Ressaltaram que diversas seções sindicais já adotam medidas semelhantes. Gritaram “Marielle, presente!” e celebraram a aprovação da resolução com abraços e lágrimas.
Carta de Belém
Na quarta-feira (6), a diretoria do Sindicato Nacional divulgou a Carta de Belém, documento síntese do evento. “O Congresso reafirmou a concepção de sindicato classista e pela base com ampla democracia interna na esteira da história do Sindicato Nacional, além de sinalizar, desde a sua mesa de abertura, a necessidade de construção da ampla unidade entre diversas entidades da classe trabalhadora em luta contra as medidas que intensificam a retirada de direitos”, destaca o documento.
O material traz os principais debates e resoluções para o Plano Geral de Lutas da categoria docente como para o Plano de Lutas dos Setores do Sindicato Nacional. Lembra também a participação dos congressistas do ato nacional realizado nos estados, no dia 31 de janeiro, em defesa dos direitos dos povos indígenas.
Destaca a homologação da incorporação do Sindiprol-Aduel como seção sindical do ANDES-SN, expressão da força do movimento docente e da necessidade de intensificar o trabalho de base. E ainda a deliberação pela realização do 39º Congresso do Sindicato Nacional na Universidade de São Paulo, sediado pela Adusp – Seção Sindical.
A Carta é encerrada com o poema de Rui Barata, “Primeiro de Maio”, que celebra a força da luta dos trabalhadores. Leia a íntegra aqui.