04 de fevereiro de 2019
Delegados do 38º Congresso do ANDES-SN, que aconteceu em Belém na semana passada, participaram, na quinta-feira (31), de um ato em defesa da causa indígena. Realizada no mesmo dia em cidades de diversos países, a ação encerrou o ciclo de protestos #JaneiroVermelho – Sangue Indígena, nenhuma gota a mais, organizado nacionalmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com apoio de movimentos sociais, sindicais, estudantis, além de militantes de partidos de esquerda e simpatizantes da causa indígena. Os povos Tembé, Amanayé e Wai – Wai estiveram presentes, assim como os “parentes” venezuelanos Warao.
O aumento de execuções de lideranças e as invasões de terras indígenas, principalmente após a eleição de Jair Bolsonaro, foram denunciados. A exigência de derrubar a Medida Provisória (MP) 870, que transfere para o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Pesca (MAPA) a atribuição de demarcar terras indígenas, também foi abordada.
“As nações indígenas historicamente foram massacradas pelos ruralistas nesse país. Entregar para essas pessoas o papel de demarcação é confirmação de como vai ser a guerra dos povos indígenas com esse governo”, afirmou Marquinho Mota, coordenador do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR).
Não nos calarão
A mobilização aconteceu em várias cidades do Brasil e de outros países, como Portugal, Canadá, Irlanda, Estados Unidos, Inglaterra e Suíça. O presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, declarou total apoio do Sindicato Nacional à causa: “Somos centenas de professores reunidos no Congresso em Belém. Não calarão a universidade, nem os povos indígenas. Não calarão a voz da classe trabalhadora”, ressaltou.
O índio Ronaldo Amanayé lembrou que, desde a invasão portuguesa, os povos indígenas resistem e não se intimidarão. “O presidente e a sua cúpula declararam que não vai ter demarcação. Nós, povos indígenas, vamos fazer demarcação de forma autônoma. Não vamos mais deixar que plantem soja em solo regado por sangue indígena”, assegurou.
O Brasil vem sendo denunciado internacionalmente por diversas frentes politicas e organizações sociais. Além da intenção de sair do Pacto de Paris, o governo Bolsonaro investe de modo agressivo contra as diretrizes da ONU em relação à defesa das reservas indígenas.